O que para a maioria da criançada seria apenas diversão, para Marcel, jogador da Seleção Brasileira de Futsal “era coisa séria”. Sua história no futsal começa aos quatro anos, quando seu pai o levou para brincar com a bola.
“Um professor gostou e me integrou no Luso Brasileiro na época. Existia a categoria que chamava Chupetinha. Como eu não tinha idade ainda para jogar, então eu joguei uns três anos por essa categoria, até completar a idade certa e poder avançar”. Mas jogar no campo era uma diversão que Marcel gostava. Aos 13 anos precisou escolher entre o futebol de campo e o futsal.
“Nesse ano eu senti muita falta do futsal. Estava só no futebol de campo, fora de casa, alojado. Eu sentia falta de treinar, de jogar futsal”, confessa Marcel.
A decisão de retornar ao futsal foi um marco importante. Depois de seis meses de retornar as quadras, ele teve certeza do que queria para sua vida. A família de Marcel desempenhou um papel fundamental em sua carreira. Seus pais sacrificaram momentos de lazer e investiram na sua paixão.
“Desde cedo, meus pais deixaram de viver a vida deles para me apoiar. Minha irmã também vivia em ginásios, acompanhando todos os jogos. Joguei muitos anos no Corinthians. A gente acabou conquistando a Liga Nacional, dali fui pra Sorocaba.Realizar o sonho de jogar um pouquinho com o Falcão foi incrível”, diz Marcel, lembrando com carinho desse período.
O sonho de jogar fora do Brasil levou Marcel ao Movistar Inter na Espanha. Apesar de ter vivido um período desafiador, ele conquistou seu espaço no El Pozo há cinco anos. A trajetória internacional não foi apenas o reconhecimento de sua habilidade, mas também de resiliência.
A primeira convocação para a seleção brasileira foi um sonho realizado, embora inesperado. “Lembro que estava sentado com minha esposa e comecei a receber notificações no Instagram. Quando vi a convocação, fiquei sem acreditar, especialmente ao ver a foto do Falcão”, relata Marcel. Sua estreia em 2016, em Sorocaba, contra o Paraguai, foi um momento inesquecível mesmo sem ter marcado um gol, mas, segundo ele, por ter feito um grande jogo.
O apoio incondicional continuou com sua esposa. Emocionado e sem conseguir segurar o choro, Marcel relembra “eu já tava um tempo fora da seleção. Eu vi ela orando todos os dias para que eu tivesse uma chance de voltar para a seleção e poder estar no Mundial e ela não deixou nenhum dia de orar, sabe? E há um tempo atrás teve uma convocação para a seleção e na época acabei machucando. Não perdi totalmente as esperanças, mas achei que seria muito difícil poder voltar numa convocação para o Mundial, que sabia que o ciclo estava sendo muito bem feito, que o time praticamente estava encaixado”.
Faltando 2 dias para realizar o sonho de vestir a camisa da Seleção Brasileira numa Copa do Mundo pela primeira vez, Marcel reflete sobre os desafios que virão.
“Com certeza, vai ser muito difícil. As seleções estão bem preparadas, mas tenho muita confiança na seleção brasileira. O futsal cresceu muito, mas o Brasil ainda é a grande favorita”, afirma.