Dois dias antes da bola rolar no Campeón del Siglo, em Montevidéu, há uma incerteza sobre a presença da torcida do Botafogo na partida da semifinal da Libertadores, contra o Peñarol-URU, nesta quarta (30). O governo local pediu a realização do jogo apenas com a torcida local.
As demais partes, por ora, não se pronunciaram. O Botafogo, em contato com a reportagem da Itatiaia, negou que tenha feito qualquer acordo neste sentido, como foi noticiado por veículos uruguaios. Posteriormente, divulgou nota.
A decisão foi publicada pelo Ministério do Interior do Uruguai, nesta segunda (28), no qual é citada o risco à segurança dos torcedores devidos aos episódios de violência no Rio de Janeiro.
A Conmebol ainda não se manifestou. De acordo com o regulamento da competição, a responsabilidade da organização e da segurança da partida é do clube mandante. No caso, o Peñarol.
Além disso, é previsto que, em semifinais, 4 mil ingressos para a torcida visitante precisam ser disponibilizados, e a não presença do público visitante “por ordem judicial e/ou disposição do órão de segurança local” precisa ser avisada com oito dias de antecedência.
Confira, na íntegra, o posicionamento do Botafogo
“O Botafogo foi surpreendido, na tarde desta segunda-feira (28), com um ofício do Ministério do Interior do Uruguai formalizando, por razões de segurança, o veto à presença de torcedores do Botafogo no jogo da volta da semifinal da Libertadores, contra o Peñarol, no Estádio Campeón del Siglo.
O Botafogo discorda veementemente das decisões das autoridades uruguaias. O Clube acredita que o Uruguai é um país que reúne plenas condições para garantir a realização do duelo com total segurança. O Botafogo reafirma ainda que é contra qualquer tipo de violência e que preza por uma disputa leal em campo.
O Regulamento é claro no sentido de que a obrigação da manutenção da segurança é de responsabilidade do Clube Local ou da Federação/Confederação Nacional. Em face do que foi apresentado, está evidente que o Peñarol e a Polícia de Montevidéu (Policia Nacional do Estado Maior – Ministério do Interior) assumiram a incapacidade em garantir a segurança de torcedores e delegações de ambas as equipes. O Botafogo acredita que essa infração do regulamento não deve passar impune pela CONMEBOL. Por este motivo, estamos acompanhando junto à entidade os desdobramentos para assegurar o estrito cumprimento do Regulamento da Competição.
Uma decisão unilateral como esta abre um precedente muito perigoso para a competição pois o critério de “falta de segurança” poderá ser usado por qualquer outra agremiação para impedir a entrada da torcida visitante nos jogos CONMEBOL. O Botafogo crê que o clube que não a garantir segurança da torcida visitante não pode ser beneficiado por suas próprias falhas.
As tensões existentes devem ser resolvidas de forma diplomática pelos clubes. Nesse sentido, o Botafogo tomou todas as providências possíveis — incluindo uma comunicação oficial antes do duelo de ida — onde reforçou a importância de que seus torcedores prezassem pela paz e respeito ao adversário, fato que culminou em um comportamento exemplar dos alvinegros. Porém, o que foi visto desde então, por parte da direção do Peñarol, são discursos inflamados e uma posição contrária à boa prática institucional. Em meio a isso, fica o questionamento: “Ora, se a direção do Peñarol mostrasse uma postura mais construtiva e pacificadora, estaríamos discutindo este tema de segurança no dia de hoje?”
O Botafogo confia na CONMEBOL para tomar as medidas cabíveis visando a segurança de todos os envolvidos e a manutenção do equilíbrio esportivo.
Por fim, o Botafogo acionou o Itamaraty, o Ministério dos Esportes e a Policia Federal/Interpol com o intuito de preservar a segurança dos torcedores que estão em Montevidéu.”
Entenda o caso
Um grupo de torcedores uruguaios chegou ao Rio de Janeiro em três ônibus de turismo, que permaneceram estacionados durante o dia da partida. Durante o período entre 12h e 12h40, às vias da orla, na Avenida Lúcio Costa, foram fechadas diversas vezes devido à aglomeração dos torcedores.
Um dos torcedores foi preso por roubo de celular em um quiosque, com o ato registrado por câmeras de segurança. Ele foi levado à 42ª Delegacia de Polícia e, posteriormente, transferido para a 16ª DP. Além disso, torcedores do Peñarol entraram em confronto com a Polícia Militar e moradores.
O confronto, que durou mais de 2h, terminou com a detenção de mais de 280 torcedores uruguaios após quiosques serem depredados e motos incendiadas, além de um ônibus dos estrangeiros.
Histórico de incidentes
Este não é o primeiro incidente envolvendo torcedores do Peñarol no Rio de Janeiro. Em setembro, uma briga ocorreu na Praia da Macumba entre torcedores de Peñarol e Flamengo, durante a partida de ida das quartas de final da Libertadores, em que os Carboneros venceram por 1 a 0 no Maracanã.
Em 2019, em outro jogo entre Peñarol e Flamengo pela Libertadores, um torcedor rubro-negro que veio do Espírito Santo morreu após ser agredido por uruguaios na orla de Copacabana.