Reportagem de: Josué Suzuki
Depois de conquistar o maior percentual de votos válidos do Brasil entre as cidades com mais de 200 mil eleitores, ou seja, onde tem segundo turno, e ser chamado de craque pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, Eduardo Boigues não parou de dar entrevistas e colocou Itaquaquecetuba no mapa político do país. Mas o que pouca gente sabe é que o prefeito reeleito de Itaquá nem conhecia a cidade que hoje administra.
Candidato pelo PL, Boigues levou a eleição deste ano no primeiro turno com 91,7% dos votos válidos. Com isso, Itaquaquecetuba está no topo do ranking nacional dos cinco municípios com políticos campeões de votos. O prefeito concedeu uma entrevista ao O Diário e falou sobre a repercussão da sua reeleição e também sobre o começo da vida pública (clique aqui e assista a entrevista completa).
O prefeito aprovado por 9 a cada 10 habitantes chegou na cidade somente em 2006. Natural de Álvares Machado, na região de Presidente Prudente, ele havia passado no concurso público para delegado e estava em Suzano. “Só tinha vaga em Itaquá e eu pensei em ficar na cidade 30 a 60 dias para depois voltar para São Paulo e fazer carreira na polícia, na Capital”, relembra. Mas o destino pregou uma peça no delegado: “Me apaixonei pela cidade.”
Antes, Boigues ouvia falar sobre Itaquaquecetuba da pior forma possível, quando era diretor de uma cadeia em Itaquera, Zona Leste de São Paulo. Os presos mais perigosos tinham que ser levados para os presídios. Quando chegava o bonde (para a transferência) e o preso descobria que seria transferido para Itaquá, vinha a surpresa: “O preso grudava na grade e dizia: Itaquá não, pelo amor de Deus.” O então delegado pensava: se nem preso queria ir para lá, imagine o cidadão de bem, o policial.
Mas ele veio. “Me apaixonei pela cidade e pelo trabalho que fizemos”, conta. Em Itaquaquecetuba o delegado conseguiu implementar o setor de homicídios, que era só em Mogi à época. “A cidade era malvista e não confiava na polícia”, recorda.
Interferência política
Boigues conta como resolveu entrar na política, e foi quando o trabalho dele como delegado começou a ter interferência externa. Um ano depois da eleição de 2012, o então prefeito fechou o setor de homicídios e todo o departamento foi transferido para Mogi das Cruzes. “Minha sala era em uma garagem, nem mesa eu tinha. E os homicídios voltaram a triplicar na cidade”, afirma.
Mas a política está no sangue. Em Álvares Machado, o avô foi prefeito duas vezes e o irmão do avô também administrou a cidade uma vez. O atual vice-prefeito da cidade é primo dele, inclusive também foi eleito para o próximo mandato. E ele também resolveu entrar para a vida pública na cidade que o adotou: Itaquaquecetuba.
A primeira tentativa foi em 2016, quando ele perdeu no primeiro turno por 12% dos votos. Depois, nova derrota nas urnas, dessa vez para deputado. Mas em 2000 veio a vitória. E sobre a reeleição com aprovação recorde, ele avalia: “Muitos políticos deixam para trabalhar no terceiro e quarto ano, pensando que a população tem memória curta. Não dá para deixar para trabalhar no final do mandato porque as pessoas começam a cansar do político.”