As jogadoras da Seleção Brasileira de Basquete Clarissa dos Santos e Damiris Dantas, além de seus familiares, estão recebendo ataques nas redes sociais após a saída do preparador físico Diego Falcão da comissão técnica da equipe. O profissional foi desligado do cargo após as atletas manifestarem incômodo com o fato do profissional ter se posicionado a favor do Projeto de Lei 1.904/2024, conhecido como PL do Aborto, que tramita na Câmara dos Deputados.
As mensagens de ódio começaram depois que o deputado federal Luiz Lima (PL-RJ) divulgou o perfil das atletas em suas redes sociais.
Entenda o caso
Na última sexta-feira (21), Diego Falcão compartilhou uma postagem do Padre Paulo Ricardo, em que dizia: “Eu não sei como você foi concebido, se em pecado, não sei se nasceu de um estupro ou de um casamento sacramentado, não me importa. Desde toda a eternidade Deus sonhou com você! A vida não é um fardo, meu irmão, é uma benção.”.
O preparador físico corroborou as palavras do religioso com a frase “simples assim” e depois compartilhou uma ilustração de Madre Teresa de Calcutá segurando uma criança no colo com o texto creditado a ela: “Qualquer país que aceite o aborto não está ensinando o seu povo a amar, mas a usar qualquer violência para conseguir o que deseja”.
As publicações geraram desconforto entre as atletas, que apontaram minimização da violência sexual contra a mulher. Alegaram que caso uma delas sofra qualquer tipo de violência e reporte junto à comissão, elas se sentiriam desprotegidas perante à equipe técnica. Clarissa e Damiris se posicionaram em suas redes sociais e foram acompanhadas de outras atletas.
A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) acolheu as reclamações das jogadoras e dispensou Diego Falcão da Seleção.
Na segunda-feira (23), o deputado federal Luiz Lima (PL-RJ) publicou nas redes sociais que a postura da CBB foi vergonhosa e que protocolou junto à Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados um convite ao Presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Guy Peixoto Jr., para esclarecimentos.
O técnico da seleção brasileira de basquete, José Neto, curtiu a postagem, aumentando o desconforto entre as atletas. Diego Falcão também recebeu apoio de outro parlamentar, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que manifestou solidariedade nas redes sociais.
A CBB disse que não irá se posicionar sobre o caso.
O aborto é proibido no Brasil salvo três exceções:
- Gravidez resultante de estupro
- Gravidez de feto em encefálico (malformação fetal)
- Quando não há outro meio de salvar a via da gestante
Na legislação atual, não há um prazo fixo para que o aborto seja feito nessas condições. A ideia do PL 1904/24 é que haja uma punição para situações em que a interrupção da gravidez seja realizada após 22 semanas de gestação.
A pena seria equivalente à do crime de homicídio simples: de seis a 20 anos de prisão.
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