Fredy Guarín, ex-jogador colombiano e um dos maiores nomes do futebol do país nos últimos 15 anos, enfrentou uma longa batalha contra o vício em álcool ao longo de sua carreira. Em entrevista ao programa Los Informantes, da Caracol Televisión, ele contou como tudo começou.
“Comecei a me destacar na Itália, e foi aí que as coisas começaram a sair do controle fora de campo também. Eu lidava bem com isso: ficava bêbado dois dias antes dos jogos, mas, mesmo assim, entrava em campo e as coisas iam bem. Vencíamos, eu marcava um ou dois gols. Trabalhei até mais do que quando não bebia, talvez por culpa”, revelou.
Guarín explicou que sua rotina de consumo de álcool começou a se intensificar fora de campo. “Eu bebia em casa, na discoteca, no restaurante. Estava sempre buscando companhia. O ambiente ao meu redor: champanhe por toda parte, os melhores modelos. Tinha minha família, mas foi aí que as coisas começaram a complicar. Eu sabia que estava cometendo erros, tanto no trabalho quanto nas minhas responsabilidades familiares”, disse, emocionado.
O ex-jogador revelou que o alcoolismo o afastou de seus objetivos. “Perdi o foco na família e no futebol. Sentia que não havia limite. Estava completamente imerso no álcool. Meu agente e eu decidimos: ‘Precisamos sair daqui, não dá mais para ficar em Milão’.”
Guarín, que não bebe há mais de seis meses, contou também como sua vida na China agravou ainda mais o vício. “Fui para a China, me pagaram em euros, e lá o alcoolismo só piorou. Eu treinava, mas logo depois bebia. Gastava muito dinheiro, ganhava muito dinheiro.”
O colombiano também compartilhou um momento muito difícil durante sua passagem pelo Vasco, entre setembro de 2019 e 2020. Em meio à pandemia de Covid-19 e ao isolamento social, ele se viu sozinho em um apartamento no Rio de Janeiro e passou por uma crise profunda. “Cheguei a tentar me jogar da janela do 17º andar, mas fui salvo pela rede da varanda”, contou, emocionado. “Não sabia o que estava fazendo, não tinha mais consciência de nada. Eu sabia que, do jeito que estava, ia acabar morrendo. Era morte ou prisão. Bebia 50, 60, 70 cervejas por noite.”
Guarín relatou que viveu dias difíceis, imerso no alcoolismo. “Fiquei bêbado por 10 dias seguidos, adormecia de cansaço e acordava com uma cerveja ao meu lado. A pandemia chegou, não havia treinos, nem grupo, nem futebol. E eu não tinha mais medo. Ia para a favela, ficava com qualquer mulher. Me abandonei completamente, fui buscar o perigo”, desabafou, refletindo sobre o momento sombrio que viveu.