A Arena MRV, estádio do Atlético-MG, foi interditada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
A decisão foi tomada nesta terça-feira (12), dias depois da série de confusões no jogo de volta da final da Copa do Brasil, em que o Galo foi derrotado por 1 a 0 pelo Flamengo.
O pedido de interdição do estádio foi feito pela procuradoria da entidade nessa segunda (11). Presidente do Tribunal, Luís Otávio Veríssimo deferiu a solicitação e ainda determinou que o Alvinegro mande seus jogos em outro estádio com portões fechados.
De acordo com o despacho divulgado, “a medida estará em vigor até que o clube comprove a adoção de medidas necessárias e suficientes para garantir a segurança na Arena MRV“.
Na peça apresentada nessa segunda, obtida pela Itatiaia, o procurador Paulo Dantas apresentou cinco fatos graves registrados no estádio do Atlético-MG durante o jogo decisivo contra o Flamengo. São eles:
- Arremesso de quatro bombas no gramado;
- Arremesso de objetos;
- Apontamento de laser nos olhos do goleiro da equipe visitante;
- Invasão de torcedor após o gol da equipe visitante;
- Tentativa de invasão de vários torcedores.
“As condutas mencionadas — arremesso de bombas no gramado, invasão de campo e utilização de laser contra o goleiro adversário — possuem lastro probatório para assegurar a verossimilhança das alegações formuladas pela PGJD quanto a falha do clube mandante na manutenção da segurança da praça desportiva (art. 211 do CBJD) e da ausência de medidas eficazes para prevenir os atos hostis praticados pela sua torcida (art. 213 do CBJD)”, diz um trecho da decisão.
Em comunicado oficial publicado pelo Atlético-MG, o clube informou que apresentará um pedido de reconsideração da interdição da Arena MRV.
“Sobre o pedido de interdição da Arena MRV, o Atlético informa que, pelo fato de o STJD não ter oportunizado ao CAM o exercício do direito de defesa, o Clube apresentará um pedido de reconsideração.
O pedido será fundamentado em tudo que foi e está sendo feito pelo Galo em relação à segurança da Arena MRV.
O Atlético irá cumprir a ordem do STJD, mas entende que a garantia do direito à ampla defesa é indispensável para a construção de uma decisão justa”.
Fotógrafo atingido
Na decisão em que determinou a interdição da Arena MRV, o presidente do STJD cita o episódio envolvendo o fotógrafo Nuremberg José Maria, atingido no pé por uma bomba enquanto trabalhava na partida.
“A experiência demonstra que a continuidade dos jogos na Arena MRV, sem qualquer intervenção imediata, pode acarretar em novos episódios de violência e ameaça a integridade física dos presentes, vez que comprovada a inadequação da infraestrutura do estádio e o despreparo do clube mandante para assegurar um ambiente ordenado e seguro para a realização de espetáculos desportivos”, disse Veríssimo em sua decisão.
O Atlético-MG afirmou que se ofereceu para custear todos os gastos médicos pelos danos causados ao profissional de imprensa. O fotógrafo foi visitado pelo presidente Sérgio Coelho na manhã desta terça-feira (12).
Posicionamento do Atlético-MG
Em entrevista à Itatiaia, na manhã desta terça, o CEO do Atlético-MG, Bruno Muzzi, prometeu “medidas severas” contra vândalos que promoveram as confusões no último domingo.
“Um dia triste. Um dia em que nós nos sentimos envergonhados por tudo que aconteceu. É um dia de bastante reflexão. Sem nos isentar de qualquer responsabilidade. Sem apontar dedos, mas assumir que erramos e assumir o que precisa ser feito”, disse.
O dirigente do Galo afirmou que o clube já identificou infratores. No dia da partida, 16 jogadores foram conduzidos pela Polícia Militar. Desses, 12 foram detidos por incitação de tumulto, ameaça e caso de injúria racial.