O pai do corredor norueguês Jakob Ingebrigtsen será julgado no ano que vem após ser acusado de abuso físico e mental do filho, disseram promotores públicos noruegueses à CNN Sports.
Gjert Ingebrigtsen treinou três de seus sete filhos – Henrik, Filip e o duas vezes medalhista de ouro olímpico Jakob – até fevereiro de 2022. Os irmãos alegaram pela primeira vez em outubro do ano passado que o pai havia usado violência física e ameaças contra eles.
“Posso confirmar que Gjert Ingebrigtsen, em 29 de novembro, foi indiciado por nosso escritório por abuso físico e mental de seu filho Jakob Ingebrigtsen”, disse a promotora pública Birgitte Budal Løvlund à CNN.
“O caso foi encaminhado ao tribunal distrital de Sør-Rogaland para planejamento. A promotoria solicitou que pelo menos 30 dias sejam reservados para os procedimentos legais que devem ocorrer durante 2025, de preferência no primeiro semestre do ano. Isso, no entanto, cabe ao tribunal decidir”, completou.
Løvlund também disse que Ingebrigtsen foi indiciado por abuso físico e mental de outro membro de sua família, uma acusação que fará parte do mesmo julgamento.
Ingebrigtsen, de 58 anos, negou quaisquer alegações de violência e seus advogados disseram na semana passada que estão “surpresos” em ver o caso levado ao tribunal.
“Gjert Ingebrigtsen mantém o que disse o tempo todo, ele não admite culpa criminal pelas condições das quais é acusado e nunca expôs nenhum de seus filhos a abuso físico ou mental”, disseram os advogados John Christian Elden e Heidi Reisvang em um comunicado.
Jakob Ingebrigtsen é um dos atletas de pista mais bem-sucedidos do mundo e uma grande estrela na Noruega.
Ele ganhou o ouro nos 5.000 metros nas Olimpíadas de Paris no início deste ano – além do ouro nos 1.500 metros que ele conquistou em Tóquio três anos antes – e também tem dois títulos de campeonato mundial e seis europeus.
Henrik, 33, e Filip, 31, são ex-campeões europeus que representaram a Noruega em várias Olimpíadas.
“Jakob, Filip e Henrik pedem que a imprensa e o público respeitem o fato de que esta é uma situação familiar privada e não querem dar nenhum comentário sobre o processo legal à imprensa”, disse o porta-voz dos irmãos, Espen Skoland, à CNN.
“O desejo deles é poder continuar a competir e se apresentar no esporte que todos amam tanto e continuar a compartilhar grandes momentos com fãs de atletismo ao redor do mundo. Eles são gratos por todo o apoio que receberam de fãs e amigos”, completou.
A família ganhou mais fama na Noruega por meio do “Team Ingebrigtsen”, uma série de documentários sobre a dinâmica familiar, particularmente sobre o relacionamento pai-treinador entre Gjert e seus filhos.
Em outubro deste ano, os advogados de Gjert entraram com uma petição no tribunal para obter imagens do documentário como parte do caso, argumentando que ele “contradiz o que a vítima e outros membros da família” alegaram contra seu cliente.
Em uma história para o jornal norueguês VG publicada no ano passado, Jakob, Henrik e Filip falaram sobre sentir “desconforto e medo” em torno do pai desde que eram crianças.
“De alguma forma, nós aceitamos isso. Nós vivemos com isso e, na idade adulta, seguimos em frente. Pelo menos pensávamos assim. Em retrospecto, percebemos que foi ingênuo”, eles escreveram.
Pouco antes de terminar o relacionamento de treinador com o pai, eles disseram que “as mesmas agressões e punições físicas atacaram novamente”, o que provou ser “a gota d’água”.
Apesar das alegações, Gjert continuou treinando os atletas noruegueses Per Svela e Narve Gilje Nordås, que terminaram em sétimo na final dos 1.500m nas Olimpíadas de Paris, três posições atrás de Jakob Ingebrigtsen.
