As semifinais da Copa Libertadores ainda não acabaram, mas as goleadas impostas por Atlético-MG (3 a 0 no River Plate-ARG) e Botafogo (5 a 0 no Peñarol-URU), nos jogos de ida, encaminharam uma final brasileira no dia 30 de novembro, em Buenos Aires, na Argentina. Os confrontos de volta serão na semana seguinte.
A Itatiaia apurou que a Conmebol não pretende tirar a decisão da Argentina mesmo se confirmado o duelo entre Atlético-MG e Botafogo. As finais da Libertadores só mudaram de sede por questões políticas, como quando saiu de Santiago para Lima, em 2019, por conta dos protestos no país, não por motivos esportivos ou de logística.
O duelo de 2021, entre Palmeiras x Flamengo, foi no estádio Centenário, em Montevidéu, e o de 2022, entre o Rubro-Negro e o Athletico-PR, foi ainda mais distante, em Guayaquil, no Equador.
Há, entretanto, uma questão que começa a ser discutida internamente na Conmebol, discretamente porque os finalistas ainda não estão definidos: o Monumental de Nuñez, campo do River Plate, em Buenos Aires, com mais de 80 mil lugares, é o estádio ideal para receber essa partida?
Previsão de público e dívida com o River
Em reunião realizada com os dirigentes dos quatro clubes semifinalistas na semana passada, na sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai, a possibilidade de tirar a partida do Monumental de Nuñez caso o River Plate não estivesse não foi colocada em pauta.
A Conmebol já preparou relatórios com previsão de público para a final, em cada cenário possível. O prognóstico para Atlético-MG x Botafogo, segundo apurou a Itatiaia, é de um total de 20 mil torcedores viajando do Brasil a Buenos Aires.
Não há expectativa de que haja uma venda expressiva de entradas para os fãs locais, portanto, o risco de um estádio bem vazio é real. E preocupa a Conmebol.
Se confirmado Atlético x Botafogo, a Conmebol deve consultar o River Plate, dono do estádio, sobre uma possibilidade de mudança. E essa informação é importante por um motivo: o clube argentino tem ótima relação com a direção atual da Conmebol, principalmente com o presidente Alejandro Dominguez.
Em agosto de 2016, a Conmebol pôs fim à articulação de clubes do continente que buscavam a criação de uma liga independente à entidade. Seria, provavelmente, o fim da Libertadores como conhecemos, torneio que é a galinha de ovos de ouro da confederação.
Como principal aliado do presidente de Dominguez estava Rodolfo D’Onofrio, chefão do River Plate naquela época. Ele elegeu o sucessor, Jorge Pablo Brito, que era o primeiro vice e que manteve a boa relação com a Conmebol.
Desde 2019, quando a final única foi criada, há uma promessa de que o Monumental receberá uma final de Libertadores, independentemente dos finalistas.
O estádio passou por ampla reforma e ampliou a capacidade já também com vistas para a Copa do Mundo de 2030, quando receberá uma partida em comemoração ao centenário das Copas, que teve como berço a América do Sul em 1930.
Seria preciso, portanto, o River concordar com essa mudança. Há também questões operacionais a se resolver. Já há contratos assinados, por exemplo, com empresas que fornecem serviços de hospitalidade e o projeto todo é baseado no desenho do Monumental.
O número de pessoas contratadas para segurança e serviços gerais também é diferente em uma arena para 80 mil pessoas do que em uma para 45 mil.
Quais as opções caso mude
A diretoria de competições da Conmebol vistoriou, e aprovou, três estádios como possíveis sedes da final da Libertadores na Argentina: o Monumental, o Libertadores de América (do Independiente, em Avellaneda, na região de Buenos Aires, com capacidade para 42 mil pessoas), e o Ciudad de La Plata (estádio Único, em La Plata, a 50 km da capital argentina, em que cabem pouco mais de 40 mil pessoas).
Com metade da capacidade do Monumental, as duas opções seriam mais viáveis para uma final entre Atlético-MG e Botafogo, que tem uma projeção de até 30 mil pessoas no estádio.
Em 4 de outubro, a Conmebol anunciou o Monumental de Nuñez. Foi um pedido do River, que queria já preparar a arena, com obras pontuais. Havia, claro, a expectativa de a equipe argentina jogar em casa, o que levaria 80 mil pessoas ao estádio.
O Peñarol também tem alto potencial de levar muitos torcedores pela proximidade de Montevidéu com Buenos Aires, em uma acesso bem mais fácil do que de Belo Horizonte ou Rio de Janeiro.
Após os jogos de ida das semifinais, esses dois cenários passaram a ser improváveis, e a Conmebol tem mais uma vez uma decisão a tomar.