O jogador Neymar, afastado do gramados desde outubro de 2023, por conta de ruptura no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo durante uma partida contra o Uruguai – válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, está perto de retornar aos gramados.
Após a cirurgia realizada em novembro de 2023 em Belo Horizonte, o craque iniciou o processo de recuperação e está nos preparativos finais para voltar a defender o Al-Hilal e a Seleção Brasileira.
Em entrevista à CNN, o médico ortopedista e professor da faculdade de medicina da USP, Marco Demange, explicou a cirurgia que o craque foi submetido.
“O tratamento, quando feito com cirurgia, geralmente implica em tratar o ligamento cruzado anterior e as estruturas que estiverem machucadas, o menisco pode ser costurado ou removido algum pedaço dele, e a cartilagem às vezes precisa de algum tipo de procedimento pra ela. Mas o ligamento em si, ele não cicatriza sozinho, o ligamento cruzado anterior, e ele também não cicatriza dando pontos nele, ou pelo menos na grande maioria das vezes, em 99% das vezes. Então o tratamento é trocar esse ligamento. Pra trocar esse ligamento, a gente precisa fazer um ligamento novo, e fazer um ligamento novo implica em colocar algo pro corpo formar um ligamento, isso é chamado de enxerto.
E o enxerto precisa formar um novo ligamento, isso é um processo que dura quase o tempo de uma gestação, ao redor de nove meses, pra ele ter toda a formação do colágeno, pra ter uma resistência adequada do ligamento”, explicou.
No entanto, Demange afirmou que só a cicatrização do enxerto não é suficiente para retornar a performance esportiva.
“Não é esse o único critério pra poder voltar pro esporte. Não é somente o tempo do ligamento ficar pronto. Além do tempo do ligamento ficar pronto, ao redor de nove meses, a gente precisa que a musculatura esteja pronta, que a velocidade de resposta pro esporte esteja adequada e que o condicionamento aeróbico da pessoa esteja pronto. Além disso, a gente tem que levar em consideração o nível do esporte. Uma coisa é um sujeito voltar a jogar um tênis, no saibro, de dupla com os amigos no clube. Ele precisa de um certo preparo muscular e um nível de resposta. Outra coisa são esportes que demandam movimentos rápidos muito bruscamente. E, por fim, a gente considera esportes que, além do movimento rápido e brusco, têm risco de um impacto não programado, como o futebol”, pontuou.
Fases da recuperação
Demange ainda dividiu o processo pós-cirurgico de lesões como a de Neymar em três frases:
“Na fase dos primeiros três meses [depois da cirurgia], ele precisa trabalhar um pouco mais a parte muscular, mas sem sobrecarregar o ligamento. Do terceiro ao sexto mês ele vai trabalhar um pouco mais essa grande musculatura e equilíbrio.
E numa terceira etapa, a volta do contato com o esporte, com a bola, com mudança de direção, sem um risco de trauma maior. Mas a gente tem que levar em consideração que determinados atletas estão em um risco maior de um trauma. Num risco maior de impacto. Então aqueles que fazem movimento de giro muito rápido e que esse risco de colisão é maior, isso também é levado em consideração. E são feitos testes físicos e funcionais pra fazer essa análise”, disse.
Retorno
O médico Rodrigo Lasmar, médico da Seleção Brasileira e da CBF – que operou Neymar, vai viajar nos próximos dias à Riad para ver pessoalmente como está a recuperação. A depender do que Lasmar avaliar in loco, Neymar pode aparecer na pré-lista de convocados da próxima data-fifa.
O técnico Dorival Júnior deve anunciar os convocados em 1º de novembro, uma sexta-feira, mas pode até adiar um pouco essa divulgação a depender da situação do atacante.