O sonho de jogar com a amarelinha e se tornar campeão pela Seleção Brasileira é carregado por todo atleta. Ao ver a oportunidade de poder representar o país na Copa do Mundo de Futsal, o goleiro blumenauense Diego Roncaglio não pensou duas vezes e decidiu rescindir o contrato com seu clube para disputar o mundial.
O clube Anderlecht, da Bélgica, não liberou o jogador para se apresentar à Seleção Brasileira e dar início à preparação para a Copa do Mundo 2024, realizada no Uzbequistão.
Diego não quis deixar a oportunidade passar e precisou tomar uma decisão difícil: pagar cerca de 20 mil euros (aproximadamente R$ 123 mil) para rescindir seu contrato com o time, o que o deixou livre para poder disputar a competição mundial.
A atitude, embora arriscada, teve um final feliz. O goleiro se tornou campeão com a equipe brasileira e realizou um de seus maiores sonhos.
Início da carreira de Diego Roncaglio
Diego Roncaglio nasceu em Blumenau em 1988 e, desde criança, é apaixonado por futsal. Aos 7 anos, o goleiro começou de fato sua trajetória no esporte, após seu professor de educação física o levar para fazer um teste na ADHering Blumenau. Ele passou e ingressou no time, onde fez sua base na equipe.
Roncaglio ficou no time blumenauense até se tornar profissional, aos 17 anos. O goleiro representou a equipe do Malwee/Jaraguá por dois anos, sendo seu primeiro desafio fora da cidade.
Em 2013, após uma passagem pelo Joinville, retornou para a ADHering Blumenau e, no ano seguinte, foi eleito o melhor goleiro da LNF (Liga Nacional de Futsal). O atleta recebeu algumas propostas de times europeus, mas decidiu permanecer no Brasil e partiu rumo ao Paraná para defender o Guarapuava.
Trajetória e adaptação na Europa
Após uma passagem conturbada pelo clube paranaense, em 2015, Diego Roncaglio foi transferido para a equipe do Kairat, do Cazaquistão, considerado um dos melhores times do mundo.
Em entrevista ao portal ND Mais, o blumenauense relembrou sobre sua adaptação no clube cazaquistanês, onde conquistou a liga e a copa disputada no país.
“Era um sonho jogar fora do Brasil, mas era um país um pouco desconhecido para mim, então eu tive que pedir informações, falar com alguns amigos e acabei indo. Não foi difícil a adaptação, tinha muitos brasileiros no time, a comissão era toda brasileira, éramos em 15 se eu não me engano”, comentou.
Diego Roncaglio permaneceu no Kairat até 2017. Seu desempenho e destaque o levou para a equipe do Benfica, em Portugal, onde ficou por 5 anos e conquistou quatro títulos.
Em 2022, ele aceitou o desafio de defender as cores do Anderletch, clube que acabaria sendo pilar de uma história não muito agradável em sua carreira.
“Eu tinha um respeito muito grande pelo clube, pela instituição e pelas pessoas que estavam lá, mas isso foi por água abaixo depois da decisão que eles tomaram de não me liberar para a preparação da Copa”, revelou Diego.
O blumenauense foi considerado o melhor goleiro da temporada belga, mas mesmo assim, não foi liberado pelo clube para se apresentar à Seleção Brasileira.
Com a recusa de sua liberação, Diego optou por pagar 20 mil euros do próprio bolso para rescindir seu contrato. Sem clube, ele pôde se apresentar à equipe brasileira e ir atrás do sonho de ser campeão.
Com a equipe belga, o goleiro chegou até a semifinal da Champions League, principal competição europeia de clubes. Apesar da saída conturbada, ele guarda com respeito sua caminhada no time.
“Não posso reclamar. Ganhei tudo que podia ganhar na Bélgica. Nunca perdi nenhum jogo no Campeonato Belga em dois anos. Então, quem perde são eles” completou Diego.
Conquista da Copa do Mundo foi a realização de um sonho
Após as dificuldades e complicações na pré-copa, a recompensa mais aguardada chegou. Diego Roncaglio, aos 36 anos, sagrou-se campeão do mundo junto com a Seleção Brasileira, batendo a rival Argentina na final pelo placar de 2×1.
O título foi conquistado em disputa eletrizante no último domingo (6). Cerca de uma semana depois, a ficha ainda não caiu completamente para o goleiro.
“Eu estou meio em êxtase ainda. Eu penso, lembro das coisas, fico imaginando o que a gente passou lá, sabe? O que a gente viveu naquele país. Primeiro no Rio de Janeiro, na preparação, depois no Uzbequistão. É uma coisa de louco, um sentimento único, um momento inimaginável na carreira de um atleta, é o ápice ser campeão do mundo. Eu creio que não existe título melhor, não vai existir”, destacou Roncaglio.
A conquista veio a partir de uma decisão difícil, já que o goleiro abriu mão de muitas coisas ao rescindir o contrato. Apesar disso, o sonho se tornou realidade no final.
“Eu coroei minha carreira sendo campeão do mundo, abrindo mão de muita coisa, arriscando com a minha família, porque eu tenho um filho para criar, tenho uma família, uma esposa. Eu abri mão, nós abrimos por esse sonho, então é uma sensação maravilhosa na minha carreira”, afirmou.
O goleiro diz não se arrepender da decisão, sendo a melhor escolha feita em sua trajetória. “Acho que foi a melhor decisão da minha vida, pagar essa multa do meu bolso para jogar uma Copa do Mundo”.