De operador de empilhadeira a jogador da Seleção Brasileira de Futsal. A história cheia de surpresas que você vai conhecer é de Rafa Santos. Na infância ele jogou futsal no clube da cidade. Ficou nas quadras até os 11 anos, quando optou por jogar futebol de campo. Com 18 anos parou porque, segundo ele, “não deu certo”.
“Voltei pra casa, comecei a trabalhar, trabalhei de auxiliar de almoxarifado numa empresa durante um ano, trabalhei de operador de empilhadeira também. E nesse um ano eu comecei a jogar futsal de noite em São Bernardo, no clube do Mesc.”
Uma proposta melhor o fez aceitar o desafio de ir jogar em outra cidade. Eram 40 minutos de moto até Ribeirão Pires. Rotina que Rafa viveu por 6 meses, até que o time acabou. Quando pensou que teria que voltar a procurar um emprego, ele recebeu um convite que seria o início de uma trajetória até a Seleção Brasileira: um teste no Corinthians. No primeiro dia de avaliação, ele foi aprovado mas a fase no clube paulista não durou muito.
“Eu fiquei seis meses no Corinthians e me mandaram embora. O supervisor que me mandou embora falou que arrumaria um clube pra mim. Tava entregando currículo já de novo pra trabalhar mas quando eu cheguei em casa tinha um recado na secretaria eletrônica”, lembra.
O convite era para o São Paulo. Rafa se destacou e seguiu firme na modalidade. São mais de dez anos de carreira no futsal com passagens por São José, Magnus, Carlos Barbosa, e Nagoya Oceans, no Japão, atualmente o pivô joga pelo ElPozo da Espanha.
FORÇA DA FAMÍLIA
Ser jogador e viver do futsal não é só uma realização para Rafa, mas de toda família. “Meu pai sempre teve um sonho e me levava. Minha mãe, em todos os jogos e treinos, estava sempre presente. Quando eu parei de jogar, minha mãe me olhava com a roupa do trabalho e sempre falava: ‘não sei por que você está trabalhando, você tem que jogar. Continuei jogando e começou a dar certo.“
Rafa revela que não tinha o sonho de ir para a seleção porque para ele era algo que considerava muito distante. Quando recebeu a notícia da sua primeira convocação, ele não acreditou. “Eu estava no Carlos Barbosa, veio um preparador físico que falou: ‘Rafa, você foi convocado.’ Eu falei que era mentira. Fui para casa, abracei minha esposa, e quando olhei o celular vi que fui convocado”, relembra.
O primeiro amistoso com a camisa da Seleção Brasileira foi em Sorocaba. Toda a família assistiu a estreia. “Vestir a camisa da Seleção para mim é um orgulho, acho que não só o meu, como do meus pais, da minha esposa, da minha família, porque a gente sabe que a gente trabalhou, que eles me ajudaram. É um orgulho e muita dedicação também todos esses anos trabalhando”, declara. Em 2022, Rafa marcou seu primeiro gol pelo Brasil com a presença de seus familiares, durante a disputa da Copa América daquele ano.
A Copa do Mundo se tornou um objetivo que vai ser realizado no próximo mês. A estreia do Brasil será contra Cuba, dia 14. “ Eu sinto que eu estou preparado. Sinto que nosso grupo está preparado para viver o momento. A gente trabalhou bem, a gente se dedicou bem. Bastante. A gente tem um grupo que é muito unido. O Brasil tem muita qualidade individual”, afirma.
Sobre o mundial, Rafa reconhece que é uma competição desafiadora, mas garante que a Seleção foi bem preparada nesse ciclo. “ Falam que o Mundial é muito difícil porque são várias escolas de futsal diferentes que a gente vai enfrentar. A gente, nesse ciclo, trabalhou bastante isso. Jogou contra muitas seleções diferentes e vai ser difícil, mas tomara que a gente passe por cima dos desafios e consiga o título tão esperado. A união nossa, o encaixe de todos, eu acho que a gente aprendeu que um necessita do outro pra brilhar”, conclui.