Reportagem de: Ana Lívia Terribille
Após um intenso processo judicial, Ricardo Reis de Faria foi condenado a 67 anos e 14 dias de reclusão em regime fechado, pela morte dos filhos adotivos em um incêndio na cidade de Poá, no Alto Tietê. A sentença foi anunciada na madrugada desta sexta-feira (23) no Fórum da Barra Funda, em São Paulo.
O júri teve início na manhã de quarta-feira (21) e terminou na madrugada desta sexta-feira (23).
De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), Ricardo Reis de Faria foi considerado culpado pelas mortes de seus três filhos adotivos em um incêndio ocorrido em fevereiro de 2021. Ele foi condenado por homicídio triplamente qualificado – quando o crime é caracterizado por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
O juiz responsável pelo caso negou o pedido de Ricardo para recorrer em liberdade, mantendo-o em detenção. A decisão se baseia na necessidade de garantir a ordem pública e a aplicação da lei, dada a seriedade dos crimes e o risco potencial que Ricardo representaria fora da prisão.
Com a conclusão do julgamento, foram determinadas as ações de que Ricardo será registrado pelo Instituto de Identificação do Estado, o Tribunal Regional Eleitoral será informado conforme a Constituição Federal, e será emitida a guia de execução definitiva para o início de cumprimento da pena.
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O caso
O incêndio ocorreu em 17 de fevereiro de 2021, na residência de Ricardo, localizada na Rua Fernando Pinheiro Franco, na Vila Real, em Poá. Fernanda, Gabriel e Lorenzo, os filhos adotivos, foram encontrados carbonizados após o quarto onde estavam ser consumido pelas chamas. Ricardo foi preso no dia seguinte ao incidente e permaneceu preso até o julgamento.
Na época, o delegado Eliardo Jordão, responsável pelas investigações, explicou que Ricardo estava dormindo em sua casa, quando acordou devido à fumaça. Em depoimento, Ricardo afirmou que tentou acessar o quarto onde as crianças dormiam, mas não conseguiu entrar. Por isso, ele foi até a unidade da Polícia Civil para pedir ajuda.
Ao chegarem ao local, os policiais arrombaram a porta, mas também não conseguiram entrar por causa das chamas. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e localizaram os três corpos.
O delegado verificou contradições no depoimento de Ricardo e ele foi preso temporariamente por 30 dias. A defesa considerou que a prisão temporária foi “um pouco temerária e afastada do contexto probatório”. Durante a perícia, todo o material queimado foi recolhido da casa e levado para o chão do quintal, onde foi minuciosamente avaliado por um perito.