Reportagem de: O Diário
Ricardo Reis de Faria e Vieira, acusado da morte de seus três filhos adotivos após incêndio na residência onde viviam, em Poá, no Alto Tietê, está sendo julgado por um júri popular nesta quarta-feira (21/08). A audiência ocorre no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. O réu foi preso um dia após a morte das crianças e permanece detido desde então. O crime, ocorrido em fevereiro de 2021, resultou na morte dos irmãos Fernanda, de 14 anos, Gabriel, de 9, e Lorenzo, de 2 anos, que foram carbonizados no incêndio.
De acordo com informações do g1, obtidas por meio do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), o réu é acusado de homicídio triplamente qualificado. As testemunhas, sendo quatro de acusação e quatro de defesa, começaram a ser ouvidas por volta das 11h. Neste julgamento, o Conselho de Sentença é composto por sete jurados, dos quais cinco são mulheres e dois são homens.
De acordo com o TJ-SP, das oito testemunhas previstas, quatro já foram ouvidas até o momento. O julgamento será suspenso no início da noite desta quarta-feira, com retomada prevista para amanhã (22/8), às 9h.
Em entrevista à TV Diário, a avó das crianças, Thereza Vieira, afirmou que o seu desejo maior é pela sentença. “A gente não aceita mesmo. Não aceito, não aceito mesmo. Quero justiça. Vou ficar até o final, até o final. Eu quero que saia uma sentença”, disse,
Doroti Moreira, madrinha de Lorenzo, por sua vez, também em entrevista à TV Diário contou que o menino passou por um processo de adoção antes de ser acolhido por Ricardo e Leandro.
“O duro é ter a coragem de saber da existência de uma pessoa assim. Porque eu acompanhei todo o processo da primeira adoção. Da segunda colaborei com até leite para o bebê porque o Lorenzo era especial na questão do leite. Afeta muito”, comentou.
“Tem três anos e meio que se passaram. Muito difícil. Eu tento não olhar para a casa, mas aquela imagem de quando eu cheguei, tudo queimando. Eu sofri danos, estou sofrendo danos até hoje com o imóvel, com tudo. Mas eu acho que o principal pra mim foram as crianças”, contou Solange Baraldini, vizinha das crianças”, finalizou.
O caso
Em 17 de fevereiro de 2021, o Corpo de Bombeiros foi acionado para combater um incêndio em uma residência na Rua Fernando Pinheiro Franco, na Vila Real, em Poá. Ao chegarem ao local, as autoridades encontraram a casa em chamas, o que resultou na morte dos irmãos Fernanda, Gabriel e Lorenzo, adotados anos antes por Ricardo e Leandro José Reis de Faria e Vieira. O casal, que havia se separado, mantinha a guarda compartilhada das crianças, que estavam na casa de Ricardo quando o incêndio começou.
Na época, o delegado Eliardo Jordão, responsável pelas investigações, explicou que Ricardo estava dormindo em sua casa, na Rua Fernando Pinheiro Franco, na Vila Real, quando acordou devido à fumaça. Em depoimento, Ricardo afirmou que tentou acessar o quarto onde as crianças dormiam, mas não conseguiu entrar. Por isso, ele foi até a unidade da Polícia Civil para pedir ajuda. Ao chegarem ao local, os policiais arrombaram a porta, mas também não conseguiram entrar por causa das chamas. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e localizaram os três corpos.
O delegado verificou contradições no depoimento de Ricardo e ele foi preso temporariamente por 30 dias. A defesa considerou que a prisão temporária foi “um pouco temerária e afastada do contexto probatório”. Durante a perícia, todo o material queimado foi recolhido da casa e levado para o chão do quintal, onde foi minuciosamente avaliado por um perito.
“Foi realizado um pente-fino mesmo. Mesmo que tudo tenha sido queimado, se a chave estivesse lá ela seria encontrada. O que chamou a nossa atenção também foi o fato de ter uma porta entre o closet e o banheiro do quarto dos irmãos e ela também estava trancada”, explicou o delegado à época.